ME CONTA é uma plataforma de financiamento coletivo instantâneo e facilitado
Nesse evento online, 12 projetos do Mercosul vão compartilhar suas ideias e por que elas são importantes para um mundo mais sociobiodiverso. As 4 propostas mais votadas pelo público receberão R$2.000,00 + o valor arrecadado com ingressos, tendo como única contrapartida contar, um mês depois, em que pé o projeto está.
O ME CONTA Sociobiodiversidade 2021 é um projeto da Associação Cultural Vila Flores e do AsSsAN Círculo da UFRGS, em parceria com o coletivo holandês WeTheCity, o Coletivo Maria da Paz, Cadeia Solidária das Frutas Nativas, Rota dos Butiazais, Rede RestaurAção, PAN Lagoas do Sul e PAT Planalto Sul. Ele é viabilizado com recursos do Projeto PANexus: Governança da sociobiodiversidade para a segurança hídrica, energética e alimentar na Mata Atlântica Sul, através da Chamada Nexus do CNPq e Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações.
COMO FUNCIONA?
1. você contribui com R$10,00 (se puder e quiser)
2. assiste ao evento online e às 12 propostas selecionadas pelo júri
3. você vota na sua favorita
4. as 4 propostas mais votadas ganham imediatamente R$2.000,00 + o que for arrecadado nas contribuições do público e um mês para tirar a sua ideia do papel
5. um mês depois, todo mundo que participou recebe um vídeo de cada projeto selecionado contando o que foi feito com o dinheiro
Conheça os Projetos Selecionados
Feira da Biodiversidade
GASTRONOMIA SOCIOBIODIVERSA
A proposta é o fortalecimento da Feira da Biodiversidade, que ocorre em Maquiné/RS, para continuar celebrando a vida, a ecologia, a força coletiva, a economia solidária, o bem viver e o consumo responsável. A intenção é também promover a participação das pessoas (feirantes e público), sua integração e a divulgação da diversidade natural, produtiva, artística e cultural local e regional. Os objetivos são melhorar a visibilidade local e regional da feira, ampliar as expressões da sociobiodiversidade e garantir a participação das comunidades indígenas.
A Feira da Biodiversidade traz a vida, a produção agroecológica e agroflorestal (in natura e processados), o artesanato Mbya Guarani, ações de educação ambiental e alimentar, de turismo ecológico, de arte e cultura por moradores e OSCs envolvidas. Sensibiliza para mudanças de hábitos, de autocuidado e de cuidado com o ambiente, trazendo essa diversidade para o cotidiano e bem viver das pessoas que geram saúde, solidariedade e sustentabilidade.
Cantina Goj Vêso
GASTRONOMIA SOCIOBIODIVERSA
Geralmente a cantina é um dos tipos de restaurantes associados à gastronomia italiana, embora seja possível encontrar cantinas com outros conceitos culinários, como é o caso da cantina Goj Vêso. A proposta é estabelecer um comércio decolonial, através dos produtos de biodiversidade local, como mel de abelha nativa e pratos da culinária Kaingang, pescados e pratos produzidos com técnicas tradicionais e a venda de artesanatos.
Por meio de sua cozinha e de seus elementos, a cantina pretende trazer conceitos que possam colaborar na luta desta coletividade contra o racismo, o preconceito e a efetivação dos direitos indígenas. Serão apresentados decoração, cardápio, aventais e demais elementos estilizados com elementos associados a signos Kaingang, escrita dos pratos na língua Kaingang a fim de trazer resultados nessa intenção de situar as pessoas sobre princípios e valores Kaingang através da cozinha.
Agrobiodiversidade Kaingang
GASTRONOMIA SOCIOBIODIVERSA
A história que os velhos Kaingang contam do passado é que seu povo é forte e soberano, mas que com a invasão veio o genocídio e o esbulho de seu território, fazendo com que hoje muitos não tenham o alimento básico e dependam de cestas básicas da FUNAI. Por isso, o projeto gostaria de mostrar a riqueza da agrobiodiversidade Kaingang e sua importância para a segurança alimentar e nutricional nas Terras Indígenas, que sofrem pressão constante do agronegócio.
O cultivo de sementes tradicionais é o desfecho de um conjunto de técnicas, conhecimentos e saberes associados, passados de geração à geração, conjugando conhecimentos ancestrais e enlaçando afeto, corpo, pensamento, pertencimento e território. Esses conhecimentos devem ser valorizados e devem ser fomentados como potentes formas de resistência sociocultural à monocultura e seus passivos, se fazendo presente no dia-dia em forma de alimento para o corpo e para o pensamento.
Oficinas de trançado com a palha do butiá
BUTIÁ EM DESTAQUE
O projeto visa realizar quatro oficinas direcionadas a 15 mulheres da comunidade tradicional dos Areais da Ribanceira, para transmitir, reproduzir e valorizar os saberes relacionados ao trançado com a palha do butiá (Butia catarinensis) e confecção de chapéus tradicionais. Nessas oficinas, duas trançadeiras tradicionais da própria comunidade repassarão conhecimentos e práticas envolvendo o conjunto de técnicas utilizadas para realização da trança e para confecção do chapéu.
Espera-se através desse projeto promover a visibilidade, valorização e conservação pelo uso dessa espécie nativa e do conhecimento tradicional a ela associado, expressado na arte do trançado e confecção do chapéu. Almeja-se sensibilizar a sociedade em geral sobre a importância da conservação do Butia catarinensis, que junto com este território e comunidade, vivem em constante ameaça de extinção. Espera-se também gerar renda às mulheres da comunidade que comercializarão esse produto.
Oficina de beneficiamento da polpa do butiá
BUTIÁ EM DESTAQUE
Promover oficina sobre potencialidade, a extração e beneficiamento da polpa dos frutos de Butia odorata, junto às escolas municipais e estaduais, comunidades tradicionais (quilombolas), povos originários (indígenas) e comunidade em geral (visitantes da feira orgânica) do município de Viamão. Nas oficinas serão mostradas técnicas de coletas dos frutos de Butia odorata, equipamentos necessários para se fazer a coleta de frutos, higienização dos frutos, beneficiamento (com uso da despolpadeira).
A intenção é promover autonomia e soberania alimentar, valorização da sociobiodiversidade local, educação ambiental, etnobotânica, proteção e conservação ambiental, e inclusão social.
Oficinas de trançado e feitio da polpa do butiá
BUTIÁ EM DESTAQUE
A proposta é aumentar a produção de mudas de butiá para distribuição no meio urbano. Serão realizadas duas oficinas práticas, trançado com a palha do butiá, com colheita seguida do processamento e finalização com a trança, e feitio da polpa do butiá, com realização dos processos para transformar a fruta em polpa para congelamento e armazenagem.
Ao resgatar o trançado da palha do butiá, estamos reatando as relações originárias ancestrais e indígenas da forma em como nos relacionamos, utilizamos e valorizamos os bens advindos da mãe natureza. Assim como a produção artesanal e valorização da polpa dessa fruta, que só existe nesta região do planeta, sendo muito apreciada fora da América do Sul, mas que não recebe o devido valor localmente. O ato de plantar uma espécie nativa ameaçada de extinção também estreita e projeta laços sociais.
Construção de Móquem
DA MATA AO COTIDIANO
A proposta consiste em promover uma experiência de "moquear", desde a construção de um móquem que será utilizado para o fortalecimento e valorização da sociobiodiversidade amazônica. O projeto visa destacar os povos indígenas como os protagonistas da Gastronomia Paraense que se soma a influência de outros povos que por essas terras transitaram desde a colonização.
Essa experiência será realizada como forma de homenagear os povos indígenas, destacando a importância do legado indígena para a culinária tradicional da Amazônia e para a construção da Gastronomia Paraense, que é destaque mundial pelas suas particularidades e, sem dúvida, pela sua natureza.
Capacitação em sistemas agroflorestais agroecológicos
DA MATA AO COTIDIANO
O projeto deseja desenvolver uma capacitação para até 30 pequenos agricultores do município de São Francisco de Paula/RS, em sistemas agroflorestais agroecológicos com foco em plantas aromáticas e medicinais nativas. A capacitação com duração de 11h inclui teoria e prática abordando o tema em cinco etapas: princípios da agrofloresta agroecológica; manejos agroflorestais; beneficiamento das plantas nativas em produtos da sociobiodiversidade; coleta de sementes e viveirismo; e enriquecimento de áreas. No final, será realizada uma feira de troca de sementes.
A proposta busca a viabilização de diferentes usos da sociobiodiversidade como cosmética natural, medicinais e aromáticas, sementes, viveirismo, implantação e manejo de agroflorestas. Difunde a importância de integrarmos o uso de espécies nativas ao nosso cotidiano, desenvolvendo outras formas de geração de renda para as pequenas propriedades. Essa proposta vislumbra capacitar os agricultores(as) para que conheçam as espécies nativas da sociobiodiversidade, bem como seus manejos e respectivos usos.
Oficinas de saboaria artesanal
DA MATA AO COTIDIANO
A proposta consiste em uma série de oficinas abordando a temática da Saboaria Artesanal com plantas nativas e cultivadas nos quintais. Serão realizadas 4 oficinas onde serão produzidos extratos botânicos, oleosos e alcoólicos, extração de hidrolatos, que serão utilizados na produção dos sabões artesanais e produtos de limpeza, bem como o sabão de louça com óleo de cozinha reciclado. Esse curso já foi realizado no projeto De Vila a Vila, e no projeto Mãos de Mães.
A utilização de espécies nativas na saboaria e na cosmética natural promove a conservação e valorização dessas espécies e da sociedade que se identifica e se reconhece no seu manejo e em seu vínculo histórico e afetivo. Por isso, levamos da mata ao cotidiano, ao utilizarmos e nos beneficiarmos dessas plantas, cuidando da nossa casa e da nossa pele com elas. As polpas de frutas nativas também podem ser enriquecedoras da saboaria, bem como as PANCs, aproximando assim também a gastronomia sociobiodiversa.
Trilha das Mulheres no Parque Estadual de Itapuã
ARTE/ARTESANATO NO PAN LAGOAS DO SUL
A Trilha das Mulheres no Parque Estadual de Itapuã ocorre desde 2017 e parou por conta da pandemia. A atividade consiste em uma roda de acolhimento, trocas de experiências relacionadas à ciclicidade da mulher, lanche coletivo e a trilha. A edição inscrita pretende contar com a presença da Cacica Talcira Mbya Guarani para falar sobre as práticas da cultura Mbya relacionadas ao cuidado da saúde das mulheres, reconhecimento das ervas medicinais durante a caminhada, divulgação e comercialização do artesanato indígena.
O projeto visa valorizar o artesanato indígena e divulgar as espécies de plantas que podem ser usadas na medicina e na alimentação, como as PANCs.
Produção e comercialização de sabões/sabonetes artesanais
ARTE/ARTESANATO NO PAN LAGOAS DO SUL
Curso direcionado às mulheres do grupo Flores da Restinga, da comunidade tradicional dos Areais da Ribanceira. Serão realizadas oficinas de produção de sabão/sabonete artesanal, e, adquiridos materiais para iniciar a produção comercial do grupo. Serão ensinadas as técnicas e etapas para a fabricação de sabão/sabonete artesanal através do método cold process, incorporando produtos da sociobiodiversidade local, como o butiá e plantas medicinais. Os sabões/sabonetes serão comercializados na loja virtual da comunidade.
Com a pandemia, as atividades realizadas pelas mulheres do grupo Flores da Restinga foram suspensas, o que as fez buscar alternativas para geração de renda, sendo uma delas a construção de uma loja virtual. A aprendizagem para elaboração do sabão/sabonete, incorporando produtos da sociobiodiversidade local, ofereceria a possibilidade de criar um novo produto para comercialização na loja virtual e em outros canais, gerando trabalho, renda e conservação pelo uso de espécies vegetais da restinga.
Divulgação, valorização e qualificação do sistema do artesanato Kaingang
ARTE/ARTESANATO NO PAN LAGOAS DO SUL
A proposta consiste em divulgar a complexidade do sistema do artesanato Kaingang e sua articulação com diferentes dimensões da vida indígena. Desde criança os Kaingang são ensinados a se relacionar com a floresta e essa relação sustenta uma trama de sentidos que são mobilizados através do sistema do artesanato Kaingang. Assim, pretende-se qualificar sua prática e divulgar sua importância para a sociobiodiversidade.
O sistema do artesanato Kaingang pode ser interpretado como uma linguagem, capaz de comunicar experiências culturalmente determinadas e enunciar formas específicas de estar no mundo. Essas concepções expressam conhecimentos, técnicas, práticas e relações ecológicas, centradas no manejo sustentável de certas espécies vegetais. Esse conjunto de relações se sustenta nas interfaces entre as redes de reciprocidade Kaingang, sua reprodução sociocultural e espaços variados de centros urbanos.